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Consumir gengibre controla a pressão arterial?

1 Jul 2024 - 02:36
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Consumir gengibre controla a pressão arterial?

O gengibre é um ingrediente popular em mezinhas para diferentes questões de saúde, como a perda de peso, a saúde do intestino e até as dores menstruais, que circulam na internet.

Desta vez, numa publicação do Instagram, sugere-se que é possível tratar a hipertensão apenas com a ingestão desta planta. Segundo o autor do post, pode-se “controlar a pressão arterial simplesmente usando gengibre”. Mas será mesmo assim? Consumir gengibre, por si só, controla a pressão arterial?

O gengibre, por si só, é capaz de controlar a pressão arterial?

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Em esclarecimentos ao Viral, Heloísa Ribeiro, especialista em Medicina Interna e secretária-geral da Sociedade Portuguesa de Hipertensão, adianta que, “atualmente, não há evidência que suporte o uso do gengibre como tratamento de qualquer patologia médica”, nomeadamente da hipertensão arterial (pressão arterial elevada).

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De facto, “o seu consumo tem sido descrito como estando associado a uma redução da pressão arterial, do colesterol e da glicemia”, admite a especialista.

No entanto, os estudos disponíveis “referem-se à sua ingestão como suplemento, usualmente em dose elevada” (ver aqui, aqui e aqui). 

Assim sendo, não se pode extrapolar os resultados e afirmar que consumir o gengibre terá os mesmos efeitos que um suplemento feito a partir da planta.

Esta ideia também é reforçada num texto publicado pela Associação Americana do Coração. Segundo a organização, as investigações “mostraram que os suplementos de gengibre podem melhorar a pressão arterial e ajudar a manter os níveis de glicose no sangue”, mas apenas em “doses bastante grandes”.

As doses podem ser um motivo de preocupação. Em primeiro lugar, salienta Heloísa Ribeiro, o consumo excessivo de gengibre pode originar “toxicidade”.

Além disso, o seu uso (em excesso ou não) “pode associar-se a alguns efeitos adversos, tais como azia, diarreia e dor abdominal”, acrescenta. 

No caso de a estes sintomas estarem associados sinais de reação alérgica, “como dispneia (sensação de falta de ar), edema dos lábios e língua, reação na pele e prurido”, é essencial procurar “observação médica urgente”, alerta a médica.

Heloísa Ribeiro refere ainda que “o gengibre pode interagir com alguns fármacos da área cardiovascular, tais como antiagregantes e anticoagulantes, aumentando assim o risco hemorrágico” (ver também aqui). 

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No caso dos anti-hipertensores, esta planta “pode interferir com a nifedipina” e “existem ainda muitos outros medicamentos com interação descrita”, salienta.

Por fim, é preciso ainda “ter-se em conta que os suplementos não são regulamentados da mesma forma que um medicamento”. Logo, “se consumidos na sua forma livre, a quantidade que se ingere poderá ser completamente aleatória”, conclui a especialista.

Como controlar a pressão arterial elevada?

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Tal como se refere num texto informativo publicado no site do Sistema Nacional de Saúde (SNS), “o tratamento da hipertensão arterial depende da sua gravidade”. 

Numa primeira fase, explica-se, “devem-se alterar os hábitos alimentares e estilos de vida” e, “se estas mudanças não forem suficientes, existem diversos medicamentos disponíveis, que podem ser usados isoladamente ou em combinação”, mediante orientação médica. 

Segundo Heloísa Ribeiro, “as medidas de estilo de vida, de acordo com as orientações internacionais, preconizam uma vida fisicamente ativa, preferencialmente com prática de exercício físico”.

Em termos práticos, pode recomendar-se “exercício físico aeróbico de intensidade moderada com duração de 30 minutos, cinco dias por semana, idealmente conjugado com exercício de resistência duas vezes por semana”, exemplifica a especialista.

À atividade física deve-se aliar o “aumento de consumo de frutas e vegetais, o aumento de consumo de potássio e de proteína magra e a restrição de sal a menos de 5 gramas por dia (o que equivale a uma colher de chá)”, prossegue.

Heloísa Ribeiro não deixa de frisar a importância de, “ao longo da vida, ser fundamental prevenir fatores de risco cardiovascular, sendo essencial ter uma dieta saudável, equilibrada e diversificada”.

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Outras mudanças de estilo de vida apontadas como importantes, num texto do Instituto Nacional de Coração, Pulmões e Sangue (NHLBI, na sigla inglesa) dos Estados Unidos, passam por: limitar o consumo de álcool, deixar de fumar, gerir o stress e ter uma boa rotina e qualidade de sono.

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